Coroidopatia Serosa Central: Doença ocular causada pelo estresse

Coroidopatia Serosa Central: Doença ocular causada pelo estresse

Coroidopatia serosa central é uma doença que deixa a visão de um dos olhos ou dos dois embaçada e distorcida. É uma doença intimamente ligada ao estresse. As pessoas mais acometidas são as ansiosas, com senso de urgência e competitividade. A maioria dos pacientes têm entre 25 e 45 anos. Acomete mais os homens. O fator psicossomático pode estar associado a situações estressantes como divórcio, enfermidade grave, falecimento de um ente querido, entre outras.

A coroidopatia serosa central provoca um descolamento seroso da retina na região da mácula (região mais importante da retina para a boa visão). Esse descolamento seroso é causado por uma espécie de vazamento de líquido dos vasos sanguíneos que estão com a permeabilidade alterada pela doença.

Como é feito o diagnóstico ?

O oftalmologista no exame de mapeamento de retina irá perceber um descolamento seroso da retina , que poderá ser confirmado pela angiofluoresceinografia e pela tomografia de coerência óptica.

A angiofluoresceinografia mostra o ponto de vazamento de líquido. A tomografia mostra o descolamento seroso da retina.

A coroidopatia serosa central pode vir de forma aguda, crônica ou recorrente. A aguda representa 80 a 90% dos casos. Se caracteriza por ser auto limitada e geralmente se resolve espontaneamente com mínimas sequelas. Arecorrente representa 15% dos casos , a serosa retorna os sinais e sintomas geralmente ainda no primeiro ano de apresentação da doença. A recorrência tem um pior prognóstico visual. A crônica é quando há persistência do líquido subretiniano por mais de 6 meses, também com pior prognóstico visual.

Quais são os tipos de tratamento ?

A fotocoagulaçao a laser é um dos tratamentos de escolha para a doença. A fotocoagulação a laser poder ser realizada com o laser sublimiar ou micropulsado. Ele é utilizado para selar pontos de vazamento de líquido e atua estimulando as células do epitélio pigmentado da retina.

Pode ser usado concomitante antagonistas dos mineralocorticoides como a espironolactona. Ela atua diminuindo a vasodilatação coroideana e diminuindo o descolamento seroso da retina. O uso de anti VEGF não tem evidência de melhora. Em 60% dos casos a acuidade visual retorna ao normal após tratamento.

O estresse

A prevenção do estresse é indicada para estes pacientes. Evite situações e ambientes estressantes e procure realizar atividades que promovam o relaxamento.

Caso você desconfie que está com a doença ou já tenha o diagnóstico e precise de tratamento, procure um oftalmologista o quanto antes. Somente o oftalmologista poderá orientar você e conduzir o tratamento adequadamente.

Dra Jenniffer Daltro
Médica oftalmologista
CRM MG 41729

Belo Horizonte: CBHO CENTRO BELORIZONTINO DE OFTALMOLOGIA
Rua São Paulo , 893, sala 907, Centro BH
31-32614298/ 31-41033006

Cheguei à Terceira Idade – posso continuar dirigindo ?

O Brasil consta com 12.217.332 motoristas ativos acima de 61 anos.

Para uma direção segura o motorista depende de 3 funções:

– A cognitiva : ligada ao raciocínio, concentração.

– A motora : movimentos, rapidez,  força,  agilidade.

– Sensório Preceptiva : tátil, visão,  audição e percepção.

Com a idade avançada, alguma destas três habilidades podem ficar comprometidas, impedindo ao idoso dirigir com segurança.

Do ponto de vista oftalmológico, 5 são as principais doenças que podem afetar o idoso: catarata, glaucoma, doença macular relacionada à idade, retinopatia diabética e retinopatia hipertensiva. Vamos discutir cada uma separadamente para enfocarmos em cuidados preventivos para evitar as consequências destas patologias.

– Catarata :

Segundo a Organização Mundial de Saude 50% das pessoas entre 65 e 74 anos têm catarata, o número aumenta para 75% para os acima de 75 anos .

Esta patologia é a principal causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento . As dificuldades visuais provenientes da catarata têm potencial de interferir na realização de algumas atividades e pode levar à diminuição da acuidade visual, aumentando os riscos de acidente de trânsito. A opacificação do cristalino pode diminuir a sensibilidade ao contraste e redução do campo visual. Motoristas com catarata tem risco 2,5 vezes maior de se envolver em acidentes de trânsito pelos estudos .

A cirugia de catarata é a solução desta patologia .

– Glaucoma :

O glaucoma é uma doença do nervo óptico, em que ocorre perda de fibras retinianas periféricas e consequentemente vai gradativamente diminuindo o campo visual do indivíduo.

A diminuição visual periférica limita a percepção visual, causando prejuízo à direção veicular.

O glaucoma é a principal causa de diminuição do campo visual em idosos.

A doença quando diagnosticada precocemente é tratada tem um bom controle não havendo perda do campo visual e podendo manter a direção de veículos.

A descoberta prematura da doença possibilita que o oftalmologista indique um tratamento apropriado, desacelerando a progressão da doença.

Sinais tardios que podem ocorrer no glaucoma : perda da visão lateral, turvação visual, dor aguda nos olhos.

O ideal é que a doença seja diagnosticada antes de qualquer sintoma, pois os sintomas só ocorrem tardiamente.

– Degeneração Macular Relacionada à Idade :

Trata – se de uma doença degenerativa que afeta a visão central em indivíduos maiores de 50 anos de idade.

Os sintomas mais comuns são : embaçamento da visão central, distorção da imagem, visão reduzida, mancha central e por ultimo perda da visão.

Para prevenir o problema é recomendável não fumar, evitar grande exposição ao sol e adotar uma dieta saudável rica em omega 3, vitamina C, ferro , zinco, fazer atividade física, controlar a pressão arterial e o peso.

– Retinopatia Diabética :

A diabetes é uma doença que afeta 7% da população brasileira.

Entre os diabéticos, tipo 1 e tipo 2, todos estão sujeitos a adquirir a retinopatia diabética se não houver um bom controle glicêmico com o decorrer dos anos de diabetes.

Para evitar a retinopatia diabética é essencial além do bom controle glicêmico evitar picos de altas ou baixas glicemias.

Para um bom controle oftalmológico, o exame de mapeamento de retina anualmente é essencial.

Se detectada a doença ela deve ser tratada. A fotocoagulação a laser da retina diminui a quantidade necessária de oferta de oxigênio da retina diminuindo a chance de neovascularização da retina que já corresponde a um estágio mais avançado da doença.

Se houver edema macular ( acúmulo de líquido no centro da retina ) existe o tratamento com injeções intra vítreas de antiangiogenico ou corticosteróides. A retinopatia diabética sem tratamento pode levar a diminuição da acuidade visual e até a cegueira.

– Retinopatia hipertensiva :

A hipertensão arterial sistêmica pode levar a retinopatia hipertensiva. Ocorre uma tortuosidade dos vasos da retina e isso pode gerar uma oclusão venosa da retina, diminuindo consequentemente a acuidade visual do olho acometido.

A oclusão venosa da retina pode ser tratada por fotocoagulação a laser, injeção intra vítrea de antiangiogenico ou de corticoesteróides. A melhora da acuidade visual depende de um diagnóstico e tratamento precoce e da região acometida pela oclusão.

Para evitar a retinopatia hipertensiva, o hipertenso deve ter um bom controle pressórico , uma dieta balanceada e atividade física regular .

Concluindo, se você chegou à terceira idade e mantém os cuidados necessários com a saúde do corpo e ocular é possível continuar dirigindo enquanto as suas funções cognitivas, motoras e sensório perceptivas estiverem preservadas. Para isso uma dieta balanceada, controle glicêmico e pressórico, atividade física regular e uso de óculos de sol irão contribuir para manter as condições físicas adequadas para dirigir um veículo por muitos anos.

 

Dra Jenniffer Daltro
Médica oftalmologista
CRM/MT 4305 | CRM/MG 41729
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Presbiopia : Vista cansada

A maioria das pessoas após os 40 anos não consegue mais enxergar objetos mais próximos com a mesma nitidez que quando era jovem. Esta dificuldade é devido a presbiopia , comumente chamada de vista cansada, causada pela perda da elasticidade e poder de acomodação do cristalino (lente natural dos olhos).

Se a presbiopia ocorrer em indivíduos com idade menor de 40 anos algumas doenças devem ser investigadas , como a anemia , doença cardiovascular, diabetes , miastenia gravis, entre outras .

Os sintomas mais comuns são : dor de cabeça após leitura , dificuldade em ler letras pequenas , necessidade de maior iluminação para leitura , necessidade de afastar o material de leitura para ter foco , fechar os olhos para melhorar o foco.

A presbiopia pode ser tratada com lentes corretivas ( óculos ) , lentes de contato ou cirurgia.

Retinopatia diabética

  1. Como o diabetes pode prejudicar a visão?

Se você tem diabetes, seu corpo não utiliza nem armazena o açúcar de maneira adequada. Isso pode lesar os vasos sanguíneos da retina e levar à retinopatia diabética e cegueira.

  1. Quais são as chances de um diabético desenvolver a doença?

Acomete 98% dos diabéticos tipo 1 com mais de 15 anos de doença e 60% dos diabéticos tipo 2.

  1. Quais são os tipos de retinopatia diabética?

Existem dois tipos de retinopatia diabética: a retinopatia diabética não proliferativa e a retinopatia diabética proliferativa.

  1. Qual a diferença entre elas?

A Retinopatia diabética não proliferativa é uma etapa inicial da retinopatia diabética. Minúsculos vasos sanguíneos dentro da retina vazam sangue ou fluido. Isso faz a retina inchar (edema) ou formar depósitos chamados exsudatos.

O edema macular é um acúmulo de líquido no centro da retina. É a causa mais comum de perda visual por diabetes.

A retinopatia diabética proliferativa é provocada por um amplo fechamento dos vasos sanguíneos da retina, impedindo um fluxo sanguíneo adequado. Quando isso acontece a retina responde gerando novos vasos sanguíneos  (neovascularização) numa tentativa de fornecer sangue à área onde os vasos originais se fecharam. Infelizmente, os novos vasos não reabastecem o fluxo normal de sangue, e muitas vezes são acompanhados de tecido cicatricial que pode provocar descolamento da retina.

  1. Como a retinopatia diabética leva a perda de visão?

A retinopatia diabética pode levar à hemorragia vítrea.

Os vasos novos e frágeis podem sangrar para dentro do vítreo, uma substância transparente, parecida com uma geléia que reveste o centro do olho.

Pode também causar descolamento de retina tracional. O tecido cicatricial associado a neovascularização pode puxar a retina para fora de sua posição normal.

Outra complicação é o  glaucoma neovascular, obstruindo o fluxo normal de fluido que sai do olho.

  1. Como é feito o diagnóstico de retinopatia diabética?

Apenas pelo exame oftalmológico é possível este diagnóstico. O exame de fundoscopia e mapeamento de retina ( com as pupilas dilatadas) são necessários para o diagnóstico.

Para acompanhamento e para guiar o tratamento do paciente a angiofluoresceinografia é necessária. Este exame consta de fotografias coloridas da retina com um contraste venoso.

  1. Como é o tratamento da retinopatia diabética?

O melhor tratamento é a prevenção. Para isso a glicemia deve ser rigorosamente controlada e o paciente diabético deve realizar consulta oftalmológica anual. O controle do colesterol e dos triglicerídeos diminui a progressão da doença.

A fotocoagulação a laser é o tratamento padrão. O laser permite melhor perfusão da retina, melhor difusão do oxigênio e diminui a produção de substâncias vasoproliferativas.

A vitrectomia posterior é a cirurgia indicada nos casos de hemorragia vítrea e decolamento de retina.

Injeção intravítrea de antiangiogênico ( lucentis / eylia) ,

implante intravítreo de dexametasona ( ozurdex) e injeção intravítrea de triancinolona são opções para o tratamento do edema macular. O oftalmologista indicará o tratamento individualizado conforme a necessidade de cada paciente.

  1. A perda da visão é evitável?

Sim. É necessário um exame oftalmológico anual dos portadores de diabetes. Se for detectada a doença, exames mais frequentes são necessários, conforme orientação do ofttalmologista.

Gestantes diabéticas devem realizar exame oftalmológico no primeiro trimestre da gravidez.

 

Artigo publicado na  Revista Saúde | 9ª Edição |  Fevereiro de 2017.

 

Doença Macular Relacionada à Idade

Ocorre geralmente depois dos 60 anos de idade e afeta a área central da retina (mácula), que se degenerou com a idade. A DMRI ( doença macular relacionada à idade) acarreta baixa visão central (mancha central) dificultando principalmente a leitura.¹

Diversos fatores podem estar associados ou serem creditados como favorecedores ao aparecimento da degeneração macular. Pele clara e olhos azuis ou verdes, exposição excessiva à radiação solar, tabagismo e dieta rica em gorduras são fatores que correspondem à maior incidência de degeneração macular relacionada à idade.²

Em 90% dos pacientes acometidos é observada a forma denominada de DMRI seca . Os 10% restantes apresentam a forma exsudativa (caracterizada pelo desenvolvimento de vasos sanguíneos anormais sob a retina (Membrana Neovascular Subretiniana). A forma exsudativa é a principal responsável pela devastadora perda visual central referida à degeneração macular.²

A prevenção e o tratamento da DMRI são realizados por meio de vitaminas, antioxidantes e óculos escuros ou claros com proteção UVA e UVB. Uma dieta rica em vegetais de folhas verdes e pobre em gorduras é benéfica na prevenção à DMRI. Como já mencionado, o tabagismo aumenta a incidência da Degeneração Macular², portanto deve ser evitado.

Os danos à visão central são irreversíveis, mas a detecção precoce e os cuidados podem ajudar a controlar alguns dos efeitos da doença.

A doença macular relacionada à idade exsudativa tem como tratamento a aplicação intravítrea de medicamentos anti VEGF ( avastin, lucentis, eylia).

Essas medicações reduzem o tamanho final da cicatriz , diminuem o fluido subretiniano e melhoram a acuidade visual final do paciente.

Confira abaixo um exemplo de visão com Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), comparada à visão normal.

Autoavaliação da mácula

A autoavaliação da mácula é realizada através do uso da Tela de Amsler. Para isso, siga os passos a seguir.

  • Coloque os óculos para perto, caso use.
  • Feche o olho esquerdo com a palma da mão.
  • Olhe na tela com o olho direito e fixe o olhar no ponto central. Verifique se as grades estão tortas, se há mancha ou se falta uma parte da tela.

  • Repita o teste tampando o olho direito e mantendo o esquerdo aberto.
  • As imagens abaixo representam a visão que um portador de alteração na mácula terá da Tela de Amsler. Caso você veja algo semelhante a essas imagens, consulte seu oftalmologista.

Referências

1 – Kara-José N; Oliveira RC: Olhos. São Paulo: Contexto,2001. (Coleção Conhecer & Enfrentar).
2 – Ávila M.;Isaac DLG: Terapia Fotodinâmica em DMRI. In: Universo Visual. Disponível em: http://www.universovisual.com.br/publisher/preview.php?edicao=0203&id_mat=22

Olá, vamos conversar?